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Aprenda a reconciliação bancária sem precisar do Auxílio do Excel.

Excel como ferramenta de Martelo
21 de outubro de 2025 por
Contas no Ponto

Aprenda reconciliação bancária sem precisar do Auxílio do Excel.


Ao longo do tempo, tenho observado muitos profissionais utilizarem o Excel para tudo — inclusive para reconciliação bancária.

Sinceramente, nunca compreendi essa prática. Afinal, se o objetivo é apenas conferir as movimentações bancárias, o uso do Excel não é necessário.

Na verdade, qualquer reconciliação bancária que dependa do Excel revela três possíveis situações:

1. O sistema (ERP) de gestão é incompleto;
2. A equipa financeira não está devidamente organizada; ou
3. Há falta de estrutura e controlo no departamento financeiro.
A importância dos sistemas integrados

Com os avanços tecnológicos, é fundamental que empresários e profissionais optem por sistemas de gestão devidamente integrados,

pois estes oferecem maior segurança, eficiência e fiabilidade nos registos, desde que sejam corretamente configurados.

O que é Reconciliação Bancária?

A reconciliação bancária é um processo de controlo interno que consiste em comparar e validar as entradas e saídas bancárias,

assegurando que os saldos registados na contabilidade estão em conformidade com os saldos do banco.

Com base nessa definição, surge uma questão simples: por que seria necessário o uso do Excel para este processo?

Percebe o ponto?

Se o departamento financeiro estiver devidamente estruturado e organizado, a reconciliação bancária será simples, direta e eficiente — sem necessidade de recorrer ao Excel ou a qualquer “martelo” manual.


Estrutura Ideal do Departamento Financeiro

Para garantir uma reconciliação bancária bem elaborada e sem falhas, o departamento financeiro deve obedecer a uma estrutura funcional clara:

- Tesoureiro ou Financeiro: responsável pelas (Entradas e Saídas de dinheiro) "este é o que efectua os pagamentos"
- Técnico de Contabilidade: responsável pelos registos contabilísticos das movimentações patrimoniais.

Essa divisão de tarefas evita sobrecarga de trabalho, define responsabilidades e assegura a organização e rastreabilidade das operações.


Cronograma Operacional Recomendado

1. Registo dos recebimentos:

Todos os recebimentos devem ser registados no momento em que ocorrem e reconciliados no final do dia corrente.

2. Registo dos pagamentos:

- Nunca efetuar pagamentos com base em faturas pró-forma;
- Todo pagamento deve referir-se a uma fatura oficial;
- No momento da transferência, incluir na descrição bancária o número da fatura e o nome da empresa em questão;
- Após o pagamento, anexar o comprovante à fatura, enviar ao fornecedor e solicitar o recibo;
- Assim que o recibo for recebido em poucos minutos, entregar ao contabilista para lançamento imediato na contabilidade, usando a mesma descrição do movimento bancário;
- Se houver vários pagamentos, o registo deve seguir a sequência cronológica das operações.

3. Registo de descontos e encargos bancários:

O contabilista deve receber extratos bancários diários, a fim de proceder aos registos de juros, comissões e outros débitos automáticos.

Organização dos Arquivos Contabilísticos

Os documentos devem ser arquivados de acordo com a ordem das movimentações bancárias, garantindo que:

- A auditoria se torne mais simples e transparente;
- O fluxo de trabalho seja facilmente compreendido;
- As reconciliações futuras sejam rápidas e confiáveis.

Execução da Reconciliação Bancária

Com o sistema organizado, a reconciliação torna-se um processo prático:

1. Obtenha o extrato bancário e o extrato contabilístico do mesmo período;
2. Compare linha a linha as descrições das operações;
3. Marque com um simples visto (a lápis, por exemplo) os movimentos que correspondem entre banco e contabilidade.

Em poucas horas, todo o processo estará concluído — sem necessidade de Excel, sem inteligência artificial e sem complicações.


Conclusão

A reconciliação bancária é, acima de tudo, uma questão de organização e método.

Um departamento financeiro estruturado, com processos claros e sistemas integrados, dispensa completamente o uso do Excel para esta tarefa.

Mais do que uma ferramenta tecnológica, o que garante eficiência é a disciplina e a clareza dos procedimentos internos.





Sobre o Autor:

Salvador Pedro Andrade Quimuanga é Contabilista e Profissional de Finanças, com mais de 8 anos de experiência em contabilidade, fiscalidade e gestão de recursos humanos. Membro certificado da OCPCA, dedica-se a partilhar conhecimento e promover a educação financeira em Angola.

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